Dor Cervical ou Cervicalgia: Quando devo procurar um médico?

A dor cervical ou cervicalgia, são os quadros dolorosos na coluna cervical, constituída por vértebras, músculos, discos intervertebrais e estruturas neurológicas.

Entendendo a Coluna Cervical

A coluna cervical apresenta como principais funções a proteção da medula espinhal, além da sustentação e movimentação do crânio. Sua anatomia é complexa, constituída sobretudo por vértebras, músculos, ligamentos, discos intervertebrais e estruturas neurológicas (medula espinhal e nervos).

Portanto, a dor cervical (cervicalgia) se refere aos quadros dolorosos originados nessas estruturas. Estima-se que cerca de 21% da população mundial apresente cervicalgia crônica. Certamente, o sedentarismo, o envelhecimento da população e os vícios posturais são os principais responsáveis pelo aumento dos casos.

O que é a dor na coluna cervical?

O desconforto agudo na região do pescoço é muito frequente e, na maioria das vezes, as dores cervicais são autolimitadas e benignas, isto é, irão melhorar após uma ou duas semanas de evolução, e não estão associadas a problemas sérios de saúde ou lesões graves. Além disso, a determinação da origem da dor cervical pode ser difícil, muitas vezes descrita como dor cervical não específica.

Por outro lado, vale mencionar que os espasmos musculares e as alterações degenerativas (desgaste) são os principais responsáveis por tais sintomas. Vale salientar que as alterações degenerativas são caracterizadas sobretudo por um desgaste das articulações da coluna cervical e de seus discos intervertebrais.

Neste sentido, este desgaste varia de indivíduo para indivíduo e tende a progredir com o passar da idade. Por outro lado, em alguns pacientes, não é possível vincular este desgaste com algum fator de risco, como má postura ou sobrecarga, sendo, portanto, o fator genético um dos mais relevantes.

Ademais, em uma pequena parcela dos casos, a dor cervical pode ocorrer em decorrência de doenças mais graves, como hérnia de disco cervical, fraturas, tumores, estenose cervical (compressão da medula espinhal), infecção e algumas das doenças reumatológicas.

Para lidar com as dores, inicialmente, recomendamos sempre manter-se ativo, evitando ficar muito tempo em repouso, pois isso pode piorar o desconforto. Medicamentos como analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares podem ser prescritos para aliviar os sintomas iniciais.

Quando a dor persiste por mais de três meses, ela é considerada crônica. Embora raro, caso a dor cervical se torne crônica, é essencial a consulta com um médico especialista em coluna para obter um diagnóstico preciso e orientação sobre o tratamento adequado.

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Quais são os sintomas da dor cervical (cervicalgia)?

Os sintomas principais de cervicalgia incluem dor na região da nuca e restrição de movimentos.

Essa dor normalmente se inicia no pescoço, podendo se estender até os ombros e, em alguns casos, descer pelo braço ou subir até a parte posterior da cabeça. Usualmente, o pescoço e os ombros ficam tensos, evidenciando rigidez ou contraturas musculares.

Além disso, é frequente, ainda, sentir “agulhadas”, formigamento, choques e cãibras. Embora não sejam um motivo de alarme, é importante avaliar esses sintomas pois podem indicar que uma estrutura neurológica da coluna esteja comprimida.

*Caso haja irradiação da dor ou formigamento para os braços e mãos, e mesmo perda de força, pode haver compressão neurológica do segmento cervical da coluna!

Principais causas da dor na coluna cervical

A dor na coluna cervical pode ser causada por uma variedade de fatores, que podem ser divididos em causas mecânicas, doenças degenerativas, doenças infecciosas, traumas, e outras condições.

Causas Mecânicas

Tensões Musculares e Espasmos

Tensões musculares e espasmos podem surgir na coluna cervical devido a vários fatores. Neste sentido, a sobrecarga nas estruturas musculares é frequentemente um resultado direto de movimentações inadequadas ou posturas incorretas que provocam estresses repetitivos.

O aumento de trabalhos em escritórios e o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, como computadores e smartphones, por certo contribui significativamente para essa condição.

Hérnia de Disco

A hérnia de disco na região cervical ocorre quando o núcleo pulposo de um dos discos vertebrais extravasa através de uma fissura no anel fibroso, comprimindo raízes nervosas ou a medula espinhal.

Essa condição pode resultar de um desgaste gradual e degenerativo dos discos, comum em adultos de meia-idade, ou de um trauma súbito, como um acidente de carro. A característica principal da hérnia de disco cervical é a irradiação para os membros superiores (mãos e braços) que piora com a movimentação cervical!

Leia mais sobre a Hérnia de Disco Cervical

Doenças Degenerativas

Espondilose Cervical

Espondilose cervical é um termo geral para o desgaste relacionado à idade e sobrecarga que afeta as estruturas da coluna. À medida que os discos desidratam e encolhem, surgem sinais de osteoartrite, incluindo projeções ósseas ao longo das bordas dos ossos (esporões ósseos).

A espondilose cervical é muito comum e piora com a idade. Mais de 85% das pessoas com mais de 60 anos são afetadas pela espondilose cervical. Para a maioria das pessoas, a espondilose cervical não causa sintomas. Mas quando os sintomas ocorrem, os tratamentos não cirúrgicos geralmente são eficazes.

Estenose Cervical

A estenose cervical ocorre quando o canal vertebral se estreita e comprime a medula espinhal e é mais frequentemente causada por degeneração associada ao envelhecimento. Os discos da coluna que separam e amortecem as vértebras podem “desidratar”.

Como resultado, o espaço entre as vértebras diminui e os discos perdem a capacidade de atuar como amortecedores. Ao mesmo tempo, os ossos e ligamentos que constituem a coluna tornam-se menos flexíveis e mais espessos. Essas alterações resultam em um estreitamento do canal vertebral.

Além disso, as alterações degenerativas associadas à estenose cervical podem afetar as vértebras, contribuindo para o crescimento de esporões ósseos que comprimem as raízes nervosas.

A estenose leve pode ser tratada de forma conservadora por longos períodos, desde que os sintomas sejam restritos à dor no pescoço. A estenose grave pode afetar a medula espinhal, causando lesões e requer encaminhamento para um especialista em coluna.

Leia mais sobre a Estenose Cervical

Doenças Infecciosas

Meningite

A inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal pode causar dor severa na região cervical.

Espondilodiscite

A espondilodiscite é uma infecção em um osso ou disco intervertebral. As infecções podem atingir a coluna por meio da corrente sanguínea ou espalhando-se a partir de tecidos próximos infectados. Fumantes e pessoas com problemas crônicos de saúde, como diabetes ou insuficiência renal, correm maior risco de desenvolver espondilodiscite.

A maioria dos pacientes irá melhorar com o tratamento clínico e o uso de antibióticos. Entretanto, alguns pacientes irão necessitar de cirurgia para resolução do processo.

Leia mais sobre a Espondilodiscite

Traumas

Lesões por Impacto

Acidentes de carro, quedas ou golpes diretos podem causar danos aos ossos, músculos e ligamentos da coluna cervical.

Lesões por Esforço Repetitivo

Certas atividades físicas ou ocupacionais que envolvem movimentos repetitivos podem levar a lesões

Outras Condições

Artrite Reumatoide

A artrite reumatoide é uma doença autoimune que afeta predominantemente as articulações. A inflamação resultante pode causar:

• Dores na cervical: A inflamação das articulações da coluna cervical pode levar a dores intensas.
• Rigidez no pescoço: Movimentos limitados e rigidez são comuns devido ao inchaço nas articulações.
• Desgaste dos ossos e cartilagens: A progressão da doença pode levar ao desgaste das estruturas ósseas e de cartilagem, aumentando a dor.

Fibromialgia

A fibromialgia é uma condição crônica caracterizada por dor musculoesquelética generalizada, fadiga e pontos dolorosos disseminados pelo corpo. Os impactos dessa síndrome na coluna cervical são significativos e podem agravar os sintomas já debilitantes dessa doença. Indivíduos com fibromialgia frequentemente relatam uma série de sintomas específicos na região da coluna cervical, como:

• Dor constante e difusa: A dor na região cervical é persistente e pode variar de moderada a intensa, muitas vezes piorando com o movimento ou estresse.
• Rigidez matinal: Os pacientes frequentemente sentem rigidez no pescoço ao acordar, o que pode dificultar os movimentos iniciais do dia.
• Sensibilidade aumentada (hiperalgesia): Uma resposta exagerada a estímulos dolorosos, tornando toques leves na região cervical extremamente dolorosos.
• Pontos-gatilho: Presença de pontos dolorosos específicos no pescoço, que quando pressionados, podem irradiar dor para outras áreas do corpo.

Tumores

Tumores benignos ou malignos podem causar dor à medida que crescem e pressionam estruturas na coluna cervical. Outros fatores como estresse emocional, sedentarismo e obesidade podem agravar as causas listadas acima, assim, aumentando o risco de dor na coluna cervical.

Avaliações médicas e diagnósticos precisos são essenciais para identificar a causa exata e proporcionar o tratamento mais eficaz.

Quando devo procurar um médico?

Se a dor cervical for acompanhada de alguma das seguintes condições, faz-se necessária uma avaliação médica especializada:

• Cervicalgia persistente por mais de 4 semanas;
• Febre;
• Dor ou formigamento para os braços e mãos;
• Perda de força nos braços e pernas;
• Trauma cervical;
• Perda de peso não esperada.

Como é feito o diagnóstico da Dor na Coluna Cervical?

A avaliação da dor na coluna cervical adota uma abordagem sistemática para corretamente identificar a causa e determinar o tratamento adequado.

Compreender a natureza da dor exige uma história clínica detalhada, abordando duração, localização, intensidade, caracterização, fatores desencadeantes, juntamente com os sintomas associados, como formigamento, fraqueza, ou dor que irradia para os braços.

Para avaliar a função cervical e identificar possíveis doenças subjacentes, realiza-se um exame físico. Esse exame engloba inspeção visual da postura e alinhamento, palpação para identificar áreas sensíveis ou espasmos, teste de amplitude de movimento e testes neurológicos a fim de avaliar reflexos, força muscular e sensibilidade.

Exames de imagem são fundamentais para confirmar diagnósticos e excluir outras condições, utilizando-se métodos como radiografias, ressonância magnética e tomografia computadorizada para visualizar tanto anomalias ósseas e alinhamentos quanto detalhes de tecidos moles.

Exames laboratoriais, como hemograma completo, velocidade de hemossedimentação e proteína C-reativa, podem ser necessários para descartar infecções, inflamações ou outras condições sistêmicas.

Como é realizado o tratamento para a dor cervical (cervicalgia)?

Diversos tratamentos convencionais podem tratar a dor na coluna cervical, alinhados com o diagnóstico médico. Esses métodos incluem medicamentos, terapias físicas, intervenções e aparatos médicos.

Medicamentos como analgésicos fornecem alívio imediato da dor; anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) reduzem a inflamação e a dor; relaxantes musculares ajudam a aliviar espasmos musculares; e antidepressivos tratam a dor crônica.

Terapias físicas abrangem fisioterapia, com exercícios e manobras para fortalecer os músculos do pescoço; massoterapia, usando massagem para aliviar a tensão muscular; bem como terapia com calor/frio, para reduzir inflamação e aliviar a dor temporariamente.

Intervenções médicas incluem injeções de corticoide nas áreas inflamadas a fim de diminuir a dor intensa; bloqueios nervosos, interrompendo a transmissão de dor ao cérebro; e acupuntura.

Aparatos médicos envolvem o uso de colares cervicais, restringindo movimento para estabilizar e descansar o pescoço; travesseiros ergonômicos, que oferecem melhor suporte durante o sono; e dispositivos de tração cervical, esticando suavemente a coluna cervical para aliviar a pressão nos discos.

Como prevenir a dor cervical?

A flexão cervical por longos períodos, como mostrado na imagem, é uma das principais responsáveis pela sobrecarga das estruturas cervicais. Infelizmente, esta postura é rotineiramente percebida durante o uso do celular, em momentos de descanso e em profissionais que utilizam o computador como ferramenta de trabalho.

De tal modo, é fundamental que se mantenha o correto alinhamento cervical sempre que possível, mesmo durante o sono. A melhora da postura no trabalho, ergonomia, se provou de extrema relevância nesse contexto.

A atividade física regular e o alongamento também auxiliam na prevenção da dor cervical por manterem a musculatura cervical bem condicionada e as articulações com amplo arco de movimento e bem lubrificadas.

Ainda vale lembrar que massagens, calor local e a redução do estresse evitam contraturas e espasmos musculares, podendo auxiliar nestes casos. Além disso, a interrupção do tabagismo, que acelera a desidratação discal (discopatia) também deve ser encorajada.

A cervicalgia é uma condição que pode afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Portanto, identificar suas causas e buscar tratamento adequado é essencial. A avaliação e o manejo correto são fundamentais para prevenir complicações e melhorar os resultados clínicos.

Caso os sintomas de dor cervical persistam, busque um ortopedista especialista em coluna para receber o cuidado especializado necessário e para discutir as melhores opções de tratamento para o seu caso.

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Fonte:
Dor cervical – Mayo Clinic
Dor cervical – Sistema de saúde britânico

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